Quero levar na mala...

Quero levar na mala,

quando me for daqui,

o que encontrei nos caminhos,

tudo que recebi e tudo que ofertei...

De tudo por quanto fiz,

o total por mim falado,

ou aquilo que calei,

sutilmente embrulhado

vai na mala bem guardado...

Quero levar também,

nessa mala de viajante que retorna,

os rios, lagoas e mares

as matas, montanhas e os vales,

as flores com suas finíssimas cores...

Embrulhado em papel de presente

num cuidado delicado,

os minerais e os animais

num pacote reluzente...

Vão junto as tormentas e os ventos,

as calmarias e os rosários bentos,

as matizes do arrebol

e as roupas do tempo

que secaram ao sol...

Quero levar na mala

meu horizonte buscado,

tudo aquilo que ouvi,

o todo que vislumbrei,

tudo que hoje sei...

Rumando por nova estrada,

quando me for daqui,

num resumo deste feito

levarei na mala fechada

os breves poemas que escrevi...

imagem: Google

A Chegada e a partida...

Ao primeiro desembarque

apresenta-se o caminho...

A alegria esperançosa do novo

revigora esse tempo que se anuncia... 

Ainda embrulhada pra presente,

mas em caixa de Pandora,

a caminhada se inicia

pois vitalícia é a vontade,

são brilhantes todos os planos,

corajosos e alvissareiros

os sucessos majestosos...

O caminho mostra-se largo e infindo

ao claro e lindo olhar padrinho

que batizou essa vinda...

Como é longa essa estrada,

tantas esquinas, muitas curvas,

com subidas e descidas

mas nada impede o avançar

na certeza da vitória...

Vai gastando-se o tempo,

amiudando-se a impaciência

desvelando-se as crenças,

e domadas as tendências

revela-se o agora...

A Lonjura e a Esperança

são irmãs que andam juntas,

e de lá Elas nos olham

a sonhar com o realizar-se... 

É quando então nos damos conta

que o prazo já se escorre,

e um olhar para dentro nos aponta,

ensina, socorre a nos dizer

que a qualquer momento,
ao atravessarmos a ponte

em súbita transcendência,

chegaremos no Horizonte...

imagem: Google

Em cada dobrar de esquina...

Em cada dobrar de esquina,

de todo qualquer caminho,

temos vislumbres,

temos surpresas,

podem ser flores ou espinhos,

mas sempre serão dobras de caminhos...

Em noites de lua cheia,

há claridades desenhadas,

contornos e lonjuras limitadas

por fina luz do céu mandada...

Toda vez chegado o meio dia,

há um timbre sonoro

na plenitude dos girassóis,

mas há um vazio de lugar à mesa

na espera do preencher-se

de sólidos e de luz...

Depois... Depois voltam as sombras,

luares ensimesmados de luzes finas

a desenhar novos sonhos deslumbrados

que moram no dobrar das esquinas...

imagens: Google

Quando qualquer ida se anuncia...

Quando a perspectiva de qualquer ida se anuncia,

há um preparar-se da alma em profusão...

Inquietam-se os pensares,

animam-se os desejos,

iluminam-se as vontades

e se desenham as criativas paisagens...

É como um "já se ir"

antes mesmo de partir,

pegar o trem sem comprar passagens...

E só arrumar as malas depois...